A peregrinação deste
ano foi diferente. Já por várias vezes tinha ido a pé até Santiago de
Compostela, calcorreando o Caminho Português e a Via da Prata, mas a
experiência deste ano “encheu-me as medidas”.
Durante séculos o Caminho
de Santiago foi símbolo de fé e união entre os povos europeus. Desempenhou um
papel fulcral na evolução política, religiosa e cultural da Península Ibérica.
Depois do fulgor do período medieval, em que milhares de pessoas se dirigiram a
Compostela, a partir do século XIV a rota jacobeia entrou num lento declínio
que se manteve até ao século XX. A partir da década de 60, os antigos trilhos
foram sendo remarcados e em 1987 a UNESCO declarou o Caminho de Santiago como
Património da Humanidade. A partir desse momento assistiu-se a um aumento do
número de pessoas que, todos os anos, percorrem as diferentes rotas que
conduzem até Santiago.
Independentemente das
motivações, fazer o Caminho é uma experiência fantástica. As paisagens, os
monumentos, a gastronomia, as pessoas e a introspecção proporcionada pelas
longas horas de caminhada são um bálsamo para todos aqueles que, durante alguns
dias, procuram fugir à agitação e stress do quotidiano.
Desta vez quase nada
foi preparado com antecedência. Aliás, deve ter sido por isso mesmo que correu
tudo tão bem. Tinha, no fim de Julho, perguntado a um amigo se estava
interessado em fazer o Caminho Francês ao que ele, veterano de sete
peregrinações a Compostela, respondeu afirmativamente. Fixámos apenas o local
de partida, Astorga. E mais nada.
Depois de uns dias de
férias na minha cidade natal, Lyon, cheguei a Portugal e no dia seguinte estava
de malas aviadas para o Porto onde me ia encontrar com o meu amigo e de onde
seguiríamos para Vigo.
De todas as outras
vezes que fui até Santiago tive carro de apoio pois ia em grupos organizados
que, além do transporte das mochilas, providenciavam pequeno-almoço e jantar.
Um luxo! Agora a logística estava toda por nossa conta e tinha de ser espartana
já que ao fim de alguns quilómetros qualquer carga passa a pesar toneladas.
A pequena mochila ia apenas
equipada com o essencial: dois calções, três camisolas de manga curta, um
blusão, um impermeável, meias, roupa interior e objectos de higiene pessoal. Amarrados
a ela, o saco cama e a vieira de estimação, símbolo do peregrino, que já me
tinha acompanhado em peregrinações anteriores.
É minha vontade fazer outrossim o caminho de Santiago. Sei que o caminho dos Pirinéus é o mais conhecido e também mais duro. Todavia para mim bastava-me fazer o caminho de Portugal.
ResponderEliminarTenho combinado com alguns amigos que o farei quando for o próximo jubileu. Vamos é ver se lá chego com vida e saúde para o fazer.
Estou a gostar muito deste espaço e já está o link feito do meu blogue.